quinta-feira, 18 de junho de 2015

A mente se estrutura na forma de linguagem

Antigamente, os símbolos definiam coisas divinas, que se situavam para além da nossa percepção, do nosso conhecimento; os conceitos e parâmetros eram regidos através desses símbolos insondáveis. No classicismo, esses símbolos tornaram-se determináveis, denominando parâmetros naturais e que poderiam ser analisados. Os conceitos se formam em torno desses símbolos; nossa percepção parece apenas notar e assimilar àquilo que esteja, de alguma forma, relacionado a um símbolo pré-estabelecido.
Os símbolos (as palavras) têm uma relação de semelhança na mente das pessoas, fazendo emergir conceitos profundos, proporcionando o entendimento de expressões por intermédio da associação do que é dito com o que já vivenciamos, já sentimos, já percebemos. O estudo da linguagem normatiza essas associações geradas pelos símbolos, assim como o dinheiro normatiza as trocas, que têm como elemento mais profundo a necessidade.
A evolução da linguagem nos permite elaborar discursos mais precisos, que podem ser assimilados pelas pessoas, permitindo-as a função crítica, onde antes — por causa da falta de clareza no discurso — apenas havia o comentário. Quem sabe, um dia, possamos expressar todas as coisas de forma clara e precisa, não mais dando possibilidade para que se façam críticas e comentários sobre as palavras utilizadas para que fosse transmitida uma ideia.
A linguagem permite que as pessoas expressem o que sentem; a gramática existe para que as pessoas possam se comunicar, conseguindo expressar e suscitar sua subjetividade em outrem. Através da linguagem, podemos estudar a evolução das ciências e da interação do homem com o meio. A gramática geral estuda as relações das linguagens com as coisas e sua identidade em relação aos idiomas primordiais; ela também compara as linguagens, uma com as outras.
A comunicação só é possível através dos verbos, eles nos possibilitam expressar o que sentimos nas profundezas do ser. O verbo expressa condições de tempo e a condição que a pessoa se encontra. Eles são o elemento principal da linguagem, possibilita-nos a comunicação; sem eles, ainda estaríamos urrando palavras que não expressam nada.
O verbo é o principal elemento da linguagem, mas se ela fosse constituída somente por verbos, teríamos um vocabulário gigantesco, que complicaria muito a expressão do que sentimos; para evitar esse problema, foram instituídos os sujeitos, os adjetivos, e vários outros elementos da linguagem, que, quando articulados e utilizados no discurso, eliminam a necessidade do uso de um verbo em particular para designar determinada maneira de sentir, de ser. O modo como as palavras foram criadas, remetem, em grande parte, ao que querem dizer, ao que realmente expressam; cada vogal é capaz de conter uma imensa linha de ligações ocultas; podemos constatar isso quando feita uma indução reversa, rumo aos primórdios da linguagem.
Nos primórdios da linguagem, os acontecimentos eram utilizados como comunicação. Gritos de dor, choro, riso, etc. A linguagem toma como base esses elementos de comunicação primitivos, utiliza suas construções como referências relacionadas a esses primeiros modos de comunicação. Uma linguagem mais primitiva como o hebraico, tem as suas palavras diretamente extraídas das situações cotidianas. Não podemos negar que toda a linguagem tenta se aproximar, o máximo possível, da natureza das coisas; quando não se aproxima, torna-se ineficiente.

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