segunda-feira, 6 de julho de 2015

Fim de tarde

           Em um dia normal, de clima quente, com um céu azul, contendo algumas poucas nuvens, que dançavam harmoniosamente, alterando-se a todo o momento e podendo ser interpretadas das mais variadas formas, dependendo apenas do observador e da sua maneira de pensar. Todos os fatores materiais eram comuns, e não possuíam nenhuma anomalia gritante, que fosse capaz de descaracterizar aquele dia como sendo um dia corriqueiro. Mas quem poderia imaginar... Mesmo em um dia banal, alguém está encostado em uma piscina de fibra, olhando para o céu de múltiplas interpretações com um semblante incomum, profundamente pensativo; com os braços apoiados na borda, um homem permanece imóvel, ele está absorto em seus pensamentos e parece nem sentir a água refrescante tocar a sua pele. Em um dia pacato, comum, ele apresenta uma aparência profundamente consternada, como que se estivesse desesperado. Essa feição é tão discrepante, mas tão discrepante, quando comparada ao ambiente em que esse homem se encontra, que tudo à sua volta parece não ter mais nenhuma importância; o dia banal se torna um cenário de fundo, longínquo e irrelevante. Aquele rosto incomum e profundo é capaz de atrair todos os olhares, fazendo com que tudo à sua volta se torne irrelevante. É impossível não prestar atenção, é improvável que alguém não se sentiria atraído, ou, melhor dizendo, seria incomum alguém não se sentir sensibilizado e magnetizado por aquele fenômeno incomum, sentindo-se, qualquer um, obrigado a chegar mais perto, necessitando enxergar melhor, entender melhor aquilo que tanto encantava; como que hipnotizadas, as pessoas se aproximariam, tentando chegar o mais próximo possível, chegando perto, cada vez mais perto, hipnotizadas por aqueles olhos castanho escuro profundos, até que batessem na testa daquele homem solitário, desse modo se tornando perceptível o limite, o máximo de aproximação que podem alcançar. Mesmo suscitando toda essa curiosidade, ele permanece sozinho, isolado, absorto em pensamentos que parecem ser penosos, mas que não nos é possível entender por completo. Talvez seja esse mistério que tanto nos fascina, e também nos faz perguntar: “O que será que incita pensamento assim tão profundos?” “Será que esse homem enxerga coisas que nós nunca seremos capazes nem de imaginar?”

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