segunda-feira, 13 de julho de 2015

O corpo elétrico

            Na maioria dos dias tenho que tomar cuidado, atentar-me, mais do que nunca, às minhas ações e verificar, de modo racional, as possíveis consequências dos meus atos. Essa preocupação redobrada se faz necessária nesses dias, onde me sinto possuidor de uma energia ilimitada, que borbulha dentro de mim espalhando-se para todas as partes do meu corpo e fazendo com que eu aja impetuosamente, potentemente, ultrapassando, e muito, as minhas condições físicas e intelectuais; nesses dias, sinto como que preparado para um esvanecer espontâneo, pronto para me pulverizar em prol de uma causa que atraia toda essa energia que parece ser muito, mas muito mesmo, maior do que eu.
            Quando me encontro nessa condição, que está se tornando cada vez mais recorrente, meu coração bate em um ritmo selvagem, não consigo ficar parado e quando falo emito um som de trovão, um som gutural, que vem direto da alma e expressa, sem a necessidade de palavras, tudo aquilo que sinto. Quando me distraio, nem que seja por um momento, meu corpo começa a se mover involuntariamente, acompanhando o ritmo de um fluxo interno intenso, minha respiração se torna rápida e ofegante e é preciso que eu me concentre novamente, para conter todo esse ímpeto profundo, voraz e selvagem.
            Por causa dessa iminência (que se tornou constante) de me consumir por completo, sucumbindo perante uma força muito maior do que eu, é preciso que eu redobre minha atenção e estabeleça, de forma racional, as minhas limitações. Um corpo elétrico é uma bênção e uma maldição, ao mesmo tempo.

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