sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Um ambiente complexo exige um ser complexo

          
                 Minhas análises são complexas, abrangentes e ininterruptas; desde sempre me esforcei para fortalecer o meu espírito, e hoje posso considerá-lo forte, imponente, inabalável, incansável.
            Em cada nova tarefa, em cada novo ambiente ou situação, que exigem uma construção conceitual quase que completa, não me sinto cansado, aterrorizado, ou impotente, acuado, com minha alma se tornando diminuta e insegura, a ponto de introduzir em minha mente o desespero profundo e insuportável, que abastecia meu corpo com uma energia proveniente das profundezas do intelecto, e que era direcionada, com violência, a uma tarefa que prometia, ao menos em minha mente, expandir minha alma, até que essa atingisse as dimensões do espírito, dessa forma sanando meu desejo primordial. Essas características, antes tão comuns, tornaram-se parâmetros longínquos, que não mais estão presentes em minha vida, em minhas atitudes.
            Diferenciando-me, por completo, daquele indivíduo que eu era há, o que passou a ser, muito tempo atrás, hoje me sinto completamente separado de uma concepção individual primitiva, anteriormente primordial e inquestionável, que impunha concepções pré-determinadas à minha alma. Sem um direcionamento fisiológico e limitado, sinto-me capaz de estruturar qualquer tipo de arranjo da alma, tornando-a maleável e independente de aspectos físicos, e direcionados estritamente às minhas particularidades, sem levar em consideração parâmetros exteriores a mim.
            Desde que adquiri esse arranjo psíquico, que considero evoluído, tornei-me capaz de sentir aquilo que muitos classificam como sendo o nirvana, a realização do desejo primordial do intelecto. Quando um arranjo de alma não mais me é necessário, eu simplesmente o abandono, deleto, e, por um curtíssimo período de tempo, sinto a satisfação mais sublime, mais perfeita; possuindo a máxima potência possível, sinto-me ocupando toda a dimensão do espírito, sinto-me pleno, em êxtase. Mas esse acontecimento dura muito pouco, logo minha mente estrutura um novo arranjo de alma e me vejo apartado da satisfação mais sublime.
            Durante o retorno do nirvana, o ambiente, no qual estou inserido, e que foi percebido por mim sem filtros, sem deslocamentos, em toda sua intensidade exacerbada, vai sendo reconstruído, e, às vezes, adquiri uma interpretação completamente diferente daquela que anteriormente direcionava e ocupava a minha mente.
            Tendo consciência desse arranjo abrangente, empenho-me, muito raramente, em sentir o nirvana, pois, na maior parte do tempo, encontro-me atarefado, preocupado em estruturar uma alma e um espírito que melhor me situem em meio ao ambiente e aos meus objetivos, tarefa essa que exige uma construção contínua, acumulativa, tornando-a, desse modo, uma estrutura que eu não gostaria de abandonar tão facilmente, ou, melhor dizendo, desnecessariamente.
            Após a elaboração e a implementação de todos esses conceitos, que considero incrivelmente condizentes com tudo aquilo que percebo, que sinto, considero-me detentor de habilidades e de conhecimentos raros, que me permitem tornar-me mais eficiente e abrangente, fazendo com que o cenário complexo e múltiplo da existência, que se aproxima da realidade, não mais seja penoso para mim.

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